["Non... Rien de rien.../Non... Je ne regrette rien/C'est payé,/balayé, oublié,/Je m'en fous du passé!"]

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

sem título I

Às vezes penso que sou só morte
 como se a alma se purgasse da carne
a fazer de um corpo apenas um corpo
de um agudo frio no pé do ouvido
abafadamente ensurdecedor

puro instinto vil
a me lograr insana 

terça-feira, 2 de maio de 2017

ÓDIO AOS POETAS

                          Lucas 6:28-38 bendizei aos que vos maldizem [...]

Como sempre...
amando os poemas
e detestando os poetas
[...]
zombas em delírio feito criança
mas apura a devida maturidade
pra ser mulher que encanta

a ponto de sobrar até pra Caetana...

Desequilibrar

...é quando por descuido ou coisa assim
a minha mão cai em descuido e se perde
solta a desenhar com carinho
o contorno nítido e firme

teus traços...

no mesmo instante
vem o impacto de arrepios
fazer de ti uma Bela arte
arteira

a desconsertar-me em desequilíbrios 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

JAMBEIRA

A Língua
com água na boca
sugava
do fundo
ventre alma embriagada
um sabor de fruta jambo

De tanta fome
cravava leve os dentes...


MANIAFOTOGRAFI
















E ficou ao sabor
Parcelados encurtados dias:
Costumes
Manias
O hábito de deixar
Ser fotografar
Por lentes nuas
Tão tuas, tão minhas... 

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Qual dos males da magia?
Veio a ingratidão
Com futuras agonias
E me passou pelo canto
Como um cão... 

BOSSA NOVA

Quase como num jogo sinistro
O cinismo
Bossanoviando insiste
E vejo
Toda miséria dos gritos


Mas o barquinho vai... a tardinha cai... 
Quando a tarde vem
O silêncio
Permite-me ver
Através dos sensíveis
Tímpanos

O leve sopro dos pássaros 

POEMA PARA “M”

A flor que te reveste
Revela sorriso...
Aroma fino de imenso jardim
Que imóvel espera
Passar por hora
As quatro estações em primavera

Só pra ter que eternizar em ti...

TAKICARDÍACO

E no compasso que bate
As artérias fazem fila
Cantam em harmonia a direita direção
Das aurículas abertas
Bombardeio de sangue
Carente de oxigênio
Donde vem tecidas emoções
Pro esquerdo oxigenado
Impulso aos pulmões
...
Vê-se um estudo tricúspide e mitral
Pra compreender o coração...  
E como um pé de mato
Mataram-me...
Pois não desabrochava como flor
Ao ver a primavera chegar
Mas ao menos sou sempre isso:

Talo seco e rígido. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Entrevista com Tom

Mas Tom, por que você diz que o amor é egoísta?
−ah... porque nunca amamos uns aos outros e sim a nós mesmos. Na verdade só nos importamos com o nosso próprio rabo, ou melhor, ego... como contrário aos macacos. A racionalidade fez-nos egoístas de berço.  Dizemos aos quatro ventos as quatro letrinhas rsrsrs... e quando pensa que não... o universo em desencanto.  
Mas Tom, e se eu disser que te amo?
−vou dizer que você é uma imbecil que não usa nem 10% de sua cabeça animal. Que logo mais verás que o amor é como vômito... depois que se lança pra fora, todo mal-estar passa. Que um nasce pra sofrer enquanto o outro rir kkkkkkkk... entre a pergunta que não quer calar... quem você quer ser? O que rir, aposto que sim. Sim sim sim... só cuida de si... o amor é egoísta. Não tenho saco pra ele.
Mas Tom, e se nos perdermos um do outro, já que não existe amor?
− Mas o amor existe... só que ele é sem alma e cruel... não te preocupas, isto nunca iremos alcançar... você só quer criar uma imagem boa pra vender. O cuidado que temos é pra não nos encontrarmos, já que nunca nos achamos. Não acredito mais nesse lero lero, já disse... não tenho colhões pra isso!!!!
Mas Tom,

− ...............

Lançamento

Vômito de palavras
Constantes, inconstantes
Sem preocupação.
Lambança das rígidas mãos
das verdades mentiras
ouvidas entrelinhas e riscos
dos nomes passados
estouro de uma pequena passagem,
mas que bobagem...


São apenas saudades sem solidão
entregues a folia. 

Entre términos e decoros


É cedo... e sobre nossos pés
O chão árido e seco sertão
Barreiras, vielas, desnúcleos
Desmundos em periferia
Lendo ventos que vêm de outros lugares
Por viagem de trem sem ver o mar
Em espirais risadas macambúzias de tão intrínsecas...