Depois
de flor crescida
Volto às
ramas de minha terra
Do alto
dum cajueiro
Tenho
sobre as mãos duas montanhas de rocha
Que de
tão longe o horizonte
Mais
perto os sentidos ficam
E pulo
para meninice tão rápida
Quanto uma lavandeira caçando minhocas
Escuto
suave nos arquivos de minha memória
A voz
sempre roca de minha Mãe
— Niiiiiiiina, Niiiiiiina...
Acompanhada
do ritmo singular
Entre
uma batida e outra de martelo na chapa
E o som
de fogo do maçarico de meu Pai
Por
trabalhar debaixo do sol como soldador
Sem
grandes preocupações com o porvir
O chão
riscado em duas formas retangulares
Era um
enorme barco que se tinha pra desbravar
Os
peixes eram folhas secas da mangueira
Que
caiam fora dos limites do barco
Onde
bravamente com uma lança
A folha furando ao meio tinha a pesca
De
surpresa os peixes depois de assados
Eram as
próprias mangas em talhadas pra chupar
Um pneu
deitado rapidinho era levado
A pensar
numa nave espacial
Dentro:
eu mesma
Como
única tripulante
Por
alguns minutos no sistema solar
Via os
outros plantas nas casas vizinhas
E em
terras “estranhas” corria atrás
Das
minhas galinhas alienígenas
Lá em
casa a brincadeira começava antes
Da
brincadeira começar...
Era lá
no comecinho com a confecção
Dos meus
próprios carrinhos
Que era
mais gostoso brincar
Simplesmente
com uma garrafa de refrigerante cheia de terra
Um arame
de solda e barbante pra sair puxando
Daí saia
carro, carreta, charrete, o que desse pra ir imaginando
Foi assim dia após dia
As
árvores eram grandes amigos em festas
Se de
tronco deitado
Era cavalo
brabo que depois se fazia manso
Os
vidros de carros da oficina velha
Eram
diamantes preciosos
Que até
briga séria dava
Se
alguém pensasse em me tomar
Já
hoje...