["Non... Rien de rien.../Non... Je ne regrette rien/C'est payé,/balayé, oublié,/Je m'en fous du passé!"]

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Não sou... nem negro nem branco
Sou uma cor esquecida
De vermelho amarronzado

Onde o negro foi cavalo
E o branco
Chefe da cavalaria

Eu fui além de escravo
Roubado e massacrado
Dentro das próprias terras que eram minhas

Quando ainda achado pouco
Me cortaram as pernas
Os braços e corpo, sobretudo a língua

Foi-se junto com ela a esperança
Que nunca veio nem nunca esteve aqui
Mais uma invenção alva: A Esperança

deveria ser branca e não verde
Da pouca mata que se mata
Cada dia um pouco mais

Das árvores, comeram mais que cupim
Das águas, sujaram mais do que latrina
Das feridas só sobraram as feras

Virei ridiculamente uma peça animada
Nos livros de história
Com data pra comemorar

Artigo tantas vezes folclórico
Quase como um peso a ter que se carregar
Na imensidão das raças anuladas

Sim... talvez haja tantas outras tribos por aí...

De ganho só me restou mesmo o apagamento
Lento... Disfarçado de preocupações
Com a raiz de “minha” alma

Nos meus irmãos atearam fogo
E subtraíram silenciosamente a alegria
De se viver em natureza crua

TIRARAM-ME OS HÁBITOS...!

De gente que corre descalço
E com a pele toda à vista
Sob um sol de verdades ditas

O meu nome é um engano
Em real sou um filho dessa terra
Que pensavam os homens ser a índia

Muito prazer o meu nome é:

Indígena. 

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